O destino pode ser o mais variado. As equipes de F1 produzem alguns dos carros de corrida mais modernos do mundo. Mas com os anos, por conta da velocidade do desenvolvimento e produção de atualizações, os chassis foram ficando com sua vida cada vez mais curta.
Até o começo dos anos 90, era normal que carros fossem aproveitados por mais de uma temporada, com apenas algumas adaptações quando o regulamento não tinha mudanças muito profundas. Só que essa prática começou a ficar inviável, devido à enorme evolução que as equipes conseguem obter lançando novos modelos de um ano para outro.
Assim, praticamente a cada temporada, os times lançam um projeto diferente. E, mesmo durante um campeonato, os carros utilizados pelos pilotos dificilmente sobrevivem ao ano todo.
Por exemplo, em 2021, o campeão Max Verstappen usou três chassis diferentes na temporada. Uma famosa exceção recente a essa regra veio em 2009, quando Jenson Button conquistou o título utilizando exatamente o mesmo carro durante todas as 17 corridas. Isso aconteceu principalmente porque sua equipe, a Brawn GP, não tinha mais dinheiro para construir um novo carro. Button não foi um caso isolado de piloto que ficou com seu velho carro. Muito pelo contrário: Fernando Alonso criou uma enorme coleção de seus modelos, alguns adquiridos por ele, outros emprestados pelas equipes. Os carros ficam em exibição em seu museu aberto ao público na cidade de Oviedo, na Espanha.
No Brasil, está guardado na entrada do Instituto Ayrton Senna a McLaren com a qual o brasileiro venceu o GP da Itália de 1990. E há um folclore por trás disso: Senna teria conseguido arrancar o modelo de Ron Dennis em uma aposta que fez de que ganharia aquela prova, o que o dirigente achava pouco provável diante do desempenho da rival Ferrari.
Já Felipe Massa tem uma Ferrari e uma Williams que utilizou em sua carreira, enquanto Rubens Barrichello recebeu um chassi da Honda, que está guardado na Inglaterra, e uma Jordan de 94, armazenada em São Paulo. Outro souvenir do veterano veio da Ferrari, quando ganhou um pedaço de escapamento de um de seus carros quando completou 300 GPs na F1.
Mesmo com todos estes exemplos, não é fácil os pilotos ficarem em posse de seus carros. E, quando a equipe decide não utilizar mais aquele chassi, vários são os outros possíveis destinos.
Algumas equipes mantém modelos intactos para eventos promocionais. A Red Bull é uma das que mais faz esse tipo de show, levando seus carros para exibições em cidades ao redor do mundo, onde aceleram, fazem zerinhos e dão um pequeno gosto para o público local do que é ver um carro de F1 em movimento de perto.
É possível também ver muitos destes carros em eventos de modelos históricos, como acontece com o famoso Festival de Goodwood, na Inglaterra, onde os pilotos ganham a chance de reviver os momentos de glória do passado. E, por muitas vezes, isso pode acontecer dentro da própria casa das escuderias. Por exemplo, a McLaren acumulou modelos ao longo dos anos e formou uma das maiores coleções privadas da atualidade.
O atual regulamento da F1 que proíbe o uso de carros contemporâneos para testes obrigou as equipes a manterem modelos antigos em pleno funcionamento. É comum que equipes utilizem chassis de dois anos ou mais em perfeitas condições, prontos para rodar, para que jovens pilotos façam testes sem restrições e possam adquirir quilometragem e experiência.
Outra possibilidade acontece com as escolas de pilotagem, que permitem que o público pague uma determinada quantia para ter a experiência de guiar um carro de F1.
Já outros modelos não possuem mais suas partes mecânicas. Um famoso caso no Brasil é do apresentador Otávio Mesquita, que adquiriu a Jordan com a qual Giancarlo Fisichella venceu o GP do Brasil de 2003. O modelo até hoje está pendurado em uma das paredes de sua casa.
E a própria F1 mantém um site oficial em que carros completos e peças podem ser comprados pelos fãs em leilões virtuais. Todos os itens são acompanhados de um certificado de autenticidade.
Informações: Projeto Motor