Dois prefeitos de cidades de Santa Catarina foram presos preventivamente nesta quinta-feira (2) na segunda fase da Operação Mensageiro. Antônio Ceron (PSD), de Lages, e Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo, foram alvos de mandados na investigação que apura suspeita de fraude em licitação e corrupção na coleta e destinação de lixo em 20 municípios do Estado.
A prisão preventiva dos dois políticos se soma à de outros quatro prefeitos que já haviam sido detidos preventivamente na primeira fase da Operação Mensageiro, em 6 de dezembro de 2022.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que todos os 16 alvos de prisão preventiva da primeira fase de operação permanecem detidos — o que inclui os quatro prefeitos, dos municípios de Itapoá, Papanduva, Balneário Barra do Sul e Pescaria Brava. Nessas cidades, os vices estão comandando as prefeituras. A situação dos dois políticos presos preventivamente nesta quinta-feira ainda não tinha novidades até a publicação desta reportagem.
No início de janeiro, decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram pedidos de habeas corpus para a liberação de quatro alvos da primeira fase da operação.
A operação está em segredo de justiça e, portanto, detalhes da investigação não são revelados pelo Ministério Público. A segunda fase da apuração cumpriu quatro mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão. Na primeira fase, em dezembro, outros 16 mandados de prisão preventiva e 109 de busca e apreensão haviam sido efetivados. Na ocasião, ainda foram apreendidos R$ 1,3 milhão em espécie e foi determinado o bloqueio de mais R$ 280 milhões dos investigados.
A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Grupo Especial Anticorrupção (Geac). O objetivo é apurar a suspeita de fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro na coleta e destinação de lixo em cidades de Santa Catarina.
Segundo o MP, os primeiros pedidos foram expedidos após análise dos depoimentos das testemunhas, investigados e provas que foram coletadas na primeira fase da operação. Por envolver prefeitos, que têm prerrogativa de foro, o processo tramita no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Deyvisonn Souza (MDB), prefeito de Pescaria Brava
Deyvisonn Souza é prefeito em segundo mandato de Pescaria Brava, no Sul do Estado. Ele foi um dos três prefeitos detidos na primeira fase da Operação Mensageiro, deflagrada em 6 de dezembro de 2022. Foi preso durante uma agenda oficial em Brasília (DF). Como o processo está sob sigilo, não há detalhes das acusações individuais contra cada prefeito.
À reportagem, o advogado dele, Pierre Vanderline, informou que a defesa tem "prestado informações cabíveis à investigação" e que tem "confiança de que tudo será esclarecido e restará comprovada a sua inocência".
Luiz Henrique Saliba (PP), prefeito de Papanduva
Luiz Henrique Saliba é médico e tem 62 anos. Ele foi prefeito de Papanduva, no Planalto Norte, entre 2009 e 2012. Após quatro anos fora da prefeitura, foi eleito novamente prefeito em 2016 e reeleito em 2020. Ele também foi detido na operação de 6 de dezembro.
Em nota, advogado dele, Manolo del Omo, informou que "as delações não confirmam as acusações contra o meu cliente e vamos continuar buscando a revogação da prisão dele".
Antônio Rodrigues (PP), prefeito de Balneário Barra do Sul
Antônio Rodrigues tem 60 anos, é formado em Economia e pós-graduado em Engenharia de Produção. Foi prefeito de Balneário Barra do Sul em 2008. Retornou ao comando do município nas eleições de 2020. Foi o terceiro prefeito detido na primeira fase da operação, deflagrada em 6 de dezembro.
Marlon Neuber (PL), prefeito de Itapoá
Marlon Neuber tem 43 anos e é prefeito em segundo mandato em Itapoá, no Norte de SC. Foi preso três dias após a deflagração da primeira fase da operação Mensageiro, quando voltava de férias no exterior, em que visitou a Terra Santa. A prisão ocorreu no aeroporto de Curitiba (PR). Desde dezembro, o vice Jeferson Garcia responde interinamente pelo comando da prefeitura.
Antônio Ceron (PSD), prefeito de Lages
Antônio Ceron tem 77 anos, é técnico em Contabilidade e empresário. Nome conhecido da política catarinense, já foi secretário de Estado da Casa Civil durante o governo de Raimundo Colombo, entre 2011 e 2012, e secretário de Agricultura na gestão de Luiz Henrique da Silveira, de 2007 a 2010. Também foi deputado estadual em três legislaturas. Atualmente está no segundo mandato como prefeito de Lages.
Em nota nas redes sociais, Ceron afirmou que tem "77 anos de conduta ilibada, e, dentro do devido processo legal, provarei a minha inocência".
Vicente Corrêa Costa (PL), prefeito de Capivari de Baixo
Vicente Corrêa Costa tem 38 anos e é médico-pediatra. Atuou como gerente regional de Saúde e foi eleito prefeito pela primeira vez em 2020. Ele também está entre os detidos da segunda fase da operação, cumprida nesta quinta-feira (2).
A reportagem tenta contato com os advogados dos presos.
NSC