Um estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) traz uma novidade para o tratamento do câncer de mama. A técnica chamada crioablação foi testada pela primeira vez na rede pública brasileira com 60 pacientes e apresentou 100% de eficácia para tumores com menos de dois centímetros, na fase inicial da doença, quando costumam aparecer os primeiros sinais do câncer de mama.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Unifesp, sendo o primeiro na América Latina a utilizar a técnica de congelamento de células para tratar o câncer de mama. O método pode auxiliar no tratamento de uma das doenças com maior incidência no mundo.
De acordo com projeções da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc – sigla em inglês), o mundo terá 3,2 milhões de novos casos de câncer de mama, com 1,1 milhão de mortes todos os anos até 2050, se não houver mais ações de prevenção e tratamento.
Autoridades de saúde alertam que ações de conscientização e prevenção também são importantes para garantir o diagnóstico precoce e a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com a doença.
Congelamento de células pode combater o câncer
O avanço nas técnicas de tratamento de câncer tem revolucionado áreas médicas, como a ginecologia obstetrícia e a mastologia, que muitas vezes trabalham em conjunto com especialistas em oncologia para oferecer cuidados integrados e personalizados às pacientes.
No tratamento contra o câncer de mama o uso da técnica de crioablação é algo inovador. O procedimento foi conduzido por pesquisadores da Unifesp pela primeira vez no dia 13 de janeiro, na Unidade Diagnóstica do ambulatório de Mastologia do Hospital de São Paulo (HSP/HU Unifesp), também sendo o primeiro protocolo de pesquisa da América Latina para essa técnica.
Durante o procedimento foram utilizados três ciclos de 10 minutos, alternando o congelamento e o descongelamento do tumor mamário. O nitrogênio líquido foi inserido na região afetada a uma temperatura de cerca de -140º por meio de uma agulha. Essa técnica forma uma esfera de gelo capaz de destruir o tumor.
No Brasil, a técnica já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda não consta no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o tratamento do câncer de mama. Por isso, ainda não pode ser incluída na rede de saúde pública e privada do país. Em outros países, como os Estados Unidos, Japão, Israel e Itália, a técnica já é utilizada.
Ainda de acordo com a equipe da pesquisa, o objetivo é que, no futuro, o procedimento esteja disponível em todas as redes de saúde do país, o que pode tirar até 30% das pacientes da fila de cirurgia, um dos métodos mais comuns para o tratamento da doença.
Outros métodos para tratar a doença
Segundo o Ministério da Saúde, entre os métodos disponíveis para tratar o câncer de mama estão todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária. Além disso, os pacientes diagnosticados também podem fazer radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e tratamento com anticorpos.
A melhor opção de tratamento é escolhida conforme a necessidade terapêutica do caso. Antes do diagnóstico da doença, o câncer de mama apresenta alguns sintomas. Um dos mais comuns é o surgimento do nódulo na região, sendo geralmente indolor, duro e irregular, mas há também tumores que têm consistência branda, globosa e bem definida.
O Ministério da Saúde destaca outros sintomas além dos nódulos: dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo, edema cutâneo e secreção papilar. A entidade ressalta que, ao perceber qualquer um dos sinais de câncer, é importante buscar opinião médica.
A detecção precoce é recomendada pelo Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Isso porque identificar o câncer de mama precocemente aumenta as chances de cura e preserva a qualidade de vida do paciente.
O diagnóstico precoce, portanto, é uma estratégia que possibilita terapias mais simples e efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de apresentação do câncer.
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