Chapecó será o primeiro município do Oeste de Santa Catarina a instalar um sistema anti-granizo. A tecnologia, já utilizada em países da Europa e em regiões agrícolas do Brasil, funciona por meio de ondas de choque que impedem a formação das pedras de gelo nas nuvens.
O sistema, segundo explicou o diretor da Defesa Civil de Chapecó, Walter Parizotto, utiliza explosões controladas de gás acetileno dentro de um tanque reforçado. Essa explosão gera uma onda de choque que atinge o interior das nuvens, fragmentando o granizo ou evitando sua formação.
“Diferente dos métodos químicos, como o uso de iodeto de prata, que deixam resíduos e exigem intervenção manual, o sistema anti-granizo que escolhemos é físico e totalmente automatizado”, detalha Parizotto.
Sistema desenvolvido na Espanha
Desenvolvido na Espanha há cerca de 40 anos, o equipamento já é utilizado em pomares e até em fábricas de veículos, protegendo pátios contra danos causados por granizo. Apesar disso, sua aplicação em áreas urbanas era considerada inviável até recentemente, devido ao barulho causado pelas explosões.
A versão adquirida por Chapecó será equipada com um sistema de insonorização, que reduz o ruído a 60 decibéis a 50 metros de distância, tornando possível sua instalação dentro do perímetro urbano.
Resposta rápida e operação automatizada
O sistema anti-granizo conta com monitoramento meteorológico 24 horas por dia, realizado por empresas especializadas. A ativação será automática e remota, com tempo de resposta de até 30 segundos após a detecção de uma nuvem com potencial de granizo.
O custo de aquisição é de 98 mil euros, com manutenção estimada em 3 mil euros por ano para o serviço de monitoramento. Segundo Parizotto, o consumo de acetileno depende da frequência das tempestades, mas em média, localidades que já utilizam a tecnologia, como na Serra Gaúcha, registram apenas duas ativações por ano.
A previsão é de que a instalação do sistema anti-granizo ocorra até 90 dias após a conclusão do processo de licitação e aquisição.
Prejuízos recorrentes
A adoção do sistema foi motivada por episódios recentes de granizo que causaram grandes prejuízos à população. Em uma das últimas ocorrências no Distrito Bormann, a Defesa Civil contabilizou a distribuição de 35 mil telhas, sem considerar danos a eletrodomésticos e outros bens que não são cobertos pela prefeitura.
“Esse tipo de investimento é preventivo e representa economia no médio e longo prazo. Além disso, protege as famílias contra perdas irreparáveis”, avalia Parizotto.
Além de Chapecó, cidades como São Joaquim e Urubici já utilizaram versões semelhantes da tecnologia em áreas agrícolas. Representantes da Defesa Civil também visitaram experiências positivas em Bento Gonçalves e Pinto Bandeira, no Rio Grande do Sul.
Prefeito confirma proteção contra granizo
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues, destacou a importância da iniciativa para proteger as famílias, especialmente nas áreas mais atingidas por temporais.
“Quando a previsão indicar chuva de granizo, nós acionamos os canhões e automaticamente dissipamos a nuvem, eliminando o risco para as famílias. O Parizotto me trouxe a ideia e disse: ‘Prefeito, se dá certo para proteger maçã, por que não proteger as casas do povo?’”, afirmou Rodrigues.
Serão 20 estações meteorológicas
O prefeito ainda adiantou que o sistema anti-granizo será instalado estrategicamente em quatro regiões: Distrito de Marechal Bormann, Esplanada, Santa Luzia e no bairro Efapi. A cidade vai adquirir 20 estações meteorológicas próprias, que irão fornecer previsões de chuva específicas para cada região de Chapecó.
“Nós vamos saber, por exemplo, quanto de chuva vai cair no distrito de Marechal Bormann, na Linha Batistela ou na região de São Pedro. Teremos informações mais precisas do que qualquer previsão geral, com dados locais, em tempo real. Isso é gestão pública voltada para proteger as pessoas”, afirmou.